quinta-feira, 7 de setembro de 2006

O custo da leitura

É ponto assente que os portugueses lêem pouco, que os jornais estão em quebra, que a pouca fonte de informação é a televisão (quando ainda há o discernimento para preferir um telejornal a um qualque reality show) e que as nossas crianças têem uma cultura extrema....em desenhos animados japoneses e videojogos. Mas será que já alguém se lembrou de questionar o preço dos livros?
Numa qualquer livraria dessas grandes cadeias que publicitam o facto de venderem os livros a preço de editor podemos reparar que um conjunto de 70 páginas de um qualquer lunático não custa menos de 10€. Isto para já não falar nas "grandes obras ou nos "grandes autores" cujos livros chegam a custar 20€ ou mais!
Gostando ou não do estilo ou da escrita acho que ninguém pode negar que Jane Austen é uma das grandes escritoras inglesas e um marco na literatura de terras de Sua Majestade. Pois bem, qual não é o meu espanto quando ao olhar para a prateleira da Bertrand (uma das livrarias mais caras) de literatura estrangeira na língua original dou de caras com um livro de Jane Austen de 367 páginas a custar apenas 3.50€! 3.50€!!!! É claro que a encadernação não é tão boa e que o papel parece "papel de bíblia" mas são só 3.50€! Será que se as editoras portuguesas se decidissem a baixar os preços não haveria mais leitores em Portugal?

3 comentários:

Anónimo disse...

Até dói...o que vale é que há sempre quem ofereça um ou outro livro e depois podemos sempre pedir emprestado e tal. Se não fosse isso estava tramada...

Pedro disse...

É que o papel e a capa é o que menos importa, eu era capaz de ler Dostoievsky até em rolos de papel higiénico. Os livros, para quem gosta de ler, foram feitos como base para comportar a cultura e a sabedoria, pouco importa o material de que são feitos, o que importa é a obra. Se os preços forem mais baixos aposto que as pessoas são capazes de ler mais, mas porquê comprar livros na Bertrand? De tempos a tempos tens sempre uma pequena feira do livro algures, algumas livrarias tradicionais não rendidas ao capitalismo (eu gosto do capitalismo, não vão pensar que por causa do meu amor à literatura russa e falar do capitalismo sou comunista)vendem muitos livros a preços baratos, e é essa a vantagem entre os clássicos e a escritura contemporanea, os clássicos são melhores, mais baratos, e mais fáceis de arranjar.

Unknown disse...

E o que fazes à (alguma) boa literatur contemporânea? Deixas para quando ambos já forem velhos?